Os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), recém publicados sobre o desempenho das operadoras de planos de saúde no terceiro trimestre de 2023 não deixam dúvidas: o elevado percentual de comprometimento das receitas com assistência, superior a 90%, comprime ainda mais as margens e amplia as dificuldades do setor, elevando-as a níveis preocupantes. A sinistralidade, que vem se mostrando elevada nos últimos cinco anos, continua dificultando uma melhora no caixa.
A sinistralidade é o indicador que demonstra se as mensalidades pagas pelos usuários são suficientes para bancar os custos dos planos de saúde. E não estão sendo. Quando os sinistros levam a um aumento em grande escala na demanda por serviços, as empresas ficam diante de dificuldades para recuperar suas margens, e é preciso buscar saídas para evitar consequências que recaem sobre todos.
Há uma série de justificativas para o aumento dos custos. A principal delas é o fato de que, cada vez mais, um produto é vendido para o consumidor e, posteriormente, são adicionados outros serviços no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS. Além da inclusão de novas tecnologias, a judicialização contribui para agravar ainda mais o quadro. Falta também um sistema de incentivo à qualidade, o que gera elevados níveis de desperdício.
A situação está cada vez mais insustentável para ambos os lados, a ponto de gerar um impasse. Os provedores de saúde não conseguem equilibrar receita e despesa. Os clientes são chamados a arcar com custos cada vez mais altos e, muitas vezes, não têm como bancá-los.
A saúde suplementar vai encontrar uma saída? Essa é uma pergunta que não pode ficar sem resposta. E, quando essa saída estiver clara para todos, será preciso colocá-la em prática logo, para mitigar os danos.